Três Lagoas segue se destacando como um dos principais motores do desenvolvimento econômico de Mato Grosso do Sul. Com base em dados recentes da Jucems (Junta Comercial de MS), o município aparece entre os que mais abriram novas empresas no estado, refletindo o forte aquecimento da economia local. Em junho, foram registrados 43 novos empreendimentos, número que coloca Três Lagoas ao lado de grandes polos como Campo Grande e Dourados no ranking estadual de expansão empresarial.
A nível estadual, junho fechou com 1.022 novas empresas registradas, o que representa um crescimento de 15% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram abertas 895 firmas. É também superior ao resultado de maio deste ano (1.003 aberturas), configurando um semestre recorde com 6.893 empresas abertas — o maior número desde o início da série histórica, em 2000.
Boa parte desse avanço se deve à vocação industrial do município. Três Lagoas abriga dois gigantes do setor de celulose — Suzano e Eldorado —, que transformaram a cidade em referência nacional. Durante a construção de uma fábrica, a demanda por mão de obra pode ultrapassar 10 mil trabalhadores, o que impulsiona diretamente setores como hospedagem, alimentação, transporte, comércio e construção civil.
Esse fenômeno econômico não é isolado. Outras cidades da região também estão vivenciando uma transformação semelhante. Ribas do Rio Pardo já conta com uma nova planta da Suzano em operação, Inocência recebe as obras da Arauco, que exige cerca de 12 mil trabalhadores, e Bataguassu se prepara para a instalação da Bracell. Juntas, essas cidades formam o chamado “Vale da Celulose”, um corredor industrial que vem revolucionando o cenário econômico do leste sul-mato-grossense.
O impacto desse crescimento pode ser medido também por indicadores nacionais. De acordo com o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), Três Lagoas ocupa a terceira posição no estado entre os municípios com melhor desempenho socioeconômico. A nota geral foi de 0,7955, considerada de desenvolvimento moderado-alto, com destaque para o índice de Emprego e Renda, que alcançou 0,9231. No ranking nacional, a cidade aparece em 281º lugar entre os mais de cinco mil municípios avaliados.
Para o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o bom momento é resultado de um conjunto de fatores. “O primeiro e mais importante motivo que atrai empresas e fomenta os negócios é a vitalidade da economia. Estamos crescendo em todos os setores. O Governo do Estado investe mais de 15% da receita corrente líquida, temos uma legislação moderna de liberdade econômica que agiliza e destrava o processo de implantação de empresas. São fatores que favorecem o empreendedorismo e formam um ciclo sustentável para novos negócios”, destacou.
Apesar do cenário positivo, a escassez de mão de obra especializada é hoje um dos maiores desafios do setor de celulose na região. Empresas têm buscado profissionais em outras cidades, e, em muitos casos, as vagas sobram. Em Três Lagoas, a percepção é de que “só não trabalha quem não quer”.
Além do protagonismo industrial, Três Lagoas é líder estadual em exportações, com destaque absoluto no setor de celulose. A valorização imobiliária também acompanha esse ritmo: terrenos e imóveis comerciais chegaram a dobrar de valor após o anúncio de novas indústrias bilionárias.
Em um país onde o desemprego ainda afeta diversas regiões, Três Lagoas caminha na contramão, com crescimento sustentado, geração de empregos e oportunidades concretas. O município se consolida como exemplo de desenvolvimento regional, com potencial para continuar sendo a “menina dos olhos” da economia de Mato Grosso do Sul nos próximos anos.
